quarta-feira, 31 de maio de 2017

Convénio dos gansos

Convénio dos gansos

Grande barafunda à tona do lago manso,
Quando cheguei pela manhã.
Muito grasnavam os doze gansos.
Irrequietos, descreviam arcos,
Semeavam rastos que se entrecruzavam.
Uma confusão.

Nem deram por mim ao pé.

Peguei numa pedra e joguei ao lago.

Fez-se o silêncio.
Ficaram atónitos.
Nunca tal lhes acontecera.

Se aproximaram ao centro.
Não sei o que disseram.

De repente, levantaram voo
Como aviões.

Formaram em V.
O chefe à frente.
Subindo alto,
Foram sobre o arvoredo,
Na direcção do regato.

Apenas ficou um,
Indiferente a tudo,
Pernas altas,
Um pescoço esguio,
Parecia uma garça.

Apontou o bico
E desfechou um golpe.
Caçada certeira.
Que grande peixe,
Atravessado.

Segui meu caminho.
Quando arribei ao riacho,
Mais a montante,
Ali vinham os gansos,
Bem perfilados,
Em direcção ao lago
Onde são reis...

Bar dos motocas, arredores de Berlim,
31 de Maio de 2017
9h02m

Jlmg




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