Poisei meus pés em África...
Foi há tanto,
Mas bem lembro.
Um Agosto quente.
Era rapazote.
O futuro à frente
Que ficou travado.
Parti de Alcântara.
Larguei o Tejo.
Naveguei no mar.
Caravela em ferro.
Levava tanta tropa.
Marinheiro à força.
Cada vez mais longe.
Para lá do trópico.
Entrei no Geba.
Cinzento e largo.
Tempo sombrio.
Dum outro mundo.
Não se via a terra.
Só havia verde.
Apareceu sorrateira.
Aquele chão vermelho.
Num cais distante.
O casario chão.
Uma avenida longa.
A sair do cais.
Uma igreja branca.
Mesmo ali à direita.
O sinaleiro impante,
Num poleiro ao centro.
A limpar desordem.
Que formigueiro escuro.
Mais a tropa branca,
A correr pela rua.
Onde havia cafés,
Em convívio pleno.
Ali era Bissau.
Onde mora a guerra
De que falavam tanto?...
Se não fosse o cheiro,
Nem parecia África!
Berlim, 11 de Outubro de 2016
18h44m
JLMG
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