segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Mandei calar a minha voz...

Mandei calar minha voz...

Se soltou em desatino.
Briguenta e inclemente.
Vociferando em alta voz
Contra tudo.

Nunca a tinha ouvido assim.
Sempre foi branda e suave.
Compreendendo tudo
E condescendendo.

Mas veio um dia.
Uma erupção vesuviana
Se desfez em lava,
Ácida e mordaz.
Corrosiva e abrasadora.
Vinha de dentro.

Tudo à volta estava ameaçado.

Soltei-lhe um grito.
Estarrecedor.
Ela calou.

Ficou sem forma.

Fiquei atónito.

Esperei.

Momentos depois ela falou.

- Estava cansada de te ouvir a ti
e de ser esquecida.
Como um senhor e rei.
Só tu no mundo.
Não resisti.

Dei-lhe razão.
Daí em diante, passei a ouvi-la...
Remédio santo.

Berlim, 31 de Outubro de 2016
20h13m

JLMG


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