quarta-feira, 27 de março de 2019

De São Bento à Régua...

De São Bento à Régua e ao Pinhão

Anos cinquenta.
Uma constante romaria no átrio e nos cais da estação de São Bento.
A vozearia alegre daquela gente que ia e vinha de além do Douro.
Tanto açafate. Tanta cesta de vime. Tanta maleta.
Havia de tudo. Bela hortaliça.
Ridente fruta. Até galinhas.

Gente nova. Gente antiga.
Vestes largas. Saias bordadas.
Blusas com rendas.
Lenços campestres.
Rostos sadios.
Crestados de sol.

Andavam cheios todos os vagões.
Bancos de pau. Lugares à farta.
Nem se via o chão.
Coitados dos revisores.
Cada encontrão.

E a locomotiva negra, com porte altivo,
vomitando fumo e soltando gritos,
arrancava forte e se engalfinhava no túnel.
Tantas faúlhas. Lá se ia o chique.

Vinha Valongo. Gostosa regueifa.
Vinha Caíde d'El Rei. E mais um túnel negro.

Depois era o Douro. Em majestade verde.
Corria barrento.
Barcaças negras. Pejão à frente.
Que belas encostas, socalcos longos, cheias de vinho.
Casinhas perdidas. Rodeadas de hortas.
Casas fidalgas. Jardins à frente.
À custa das uvas. Vinho do Porto.

Estâncias termais. Caldas de Aregos.
Frente a Resende.
Lindas estações. Quadros campestres.
Em azulejo azul.

Por fim a Régua. Cidade ao sol.
Um céu azul.
Ó quem me dera voltar a vê-la!...

Berlim, 27 de Março de 2019
9h33m
Jlmg


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