quinta-feira, 14 de junho de 2018

Tudo se depTudo se dependuravaendurava



Tudo se dependurava nas paredes...

Era tempo de carestia. Tudo se dependurava nas paredes da cozinha e da adega.
Desde as cebolas ao arado. Simples.
O essencial.
E, lá em cima, junto ao beiral, se guardavam as maçãs reinetas e os cachos de uvas espadeiras.
Na salgadeira, em castanho puro,
se guardava o porco.
Para o ano inteiro.
A abarrotar de sal.
No cântaro de barro, atrás da porta,
as azeitonas pretas,
muito bem curtidas.
Uma tigelinha delas,
a qualquer hora,
com broa e vinho.
Tudo era são.
Lá no canto, meio almude cheio,
o azeite verde.
Dos caibros negros, pendia o pão da semana.
Em quatro broas, que o forno cozia.
Muito bem guardadas contra os ratos vermes.
E a água, trazida do poço,
jazia fresca, no almude ao canto.
Serventia geral.
Depois, tudo mudou.
Ficou a lembrança...
Bar Castelão em Mafra, 14 de Junho de 2018
10h20m
Jlmg

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