domingo, 4 de dezembro de 2016

Adormeci...

Adormeci...

Sentei-me no degrau da escada,
sei lá, cansado ou triste.
Adormeci.
Me vi sonhando.
No raiar da aurora.
Um céu alto e rondo.
Iluminado em fogo.

Ao longe o Marão alvinitente.
Ao perto os campos.
Os montes verdes.
Telhados rubros,
Aqui e ali.

Torres com cruzes.
Que davam horas
E mais as bênçãos,
Cheias de cores.

Não havia fome.
Havia paz.
Rostos alegres,
Olhares acesos.
Corpos sadios.
A trabalhar nos campos.

Subiam cantares
Que tinham réplicas.
Havia lágrimas,
Só das saudades.

Se davam abraços,
Pagos a pronto,
Tanta fartura,
Sem cobrar preço.

Um dia, porém,
A voz dos mandantes,
Ordens da pátria,
Soou de longe,
Chamou para a guerra.

Os jovens partiram.
Se foram dos cais,
Pelo mar sem fim.
Choveram as lágrimas,
Choro das mães.
Das namoradas.
Uns que se foram.
Nunca voltaram.
Tudo mudou...

Berlim, 5 de Dezembro de 2016
7h47m

JLMG

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