quarta-feira, 10 de julho de 2019

Gentes da minha infância

Gentes da minha infância
Rostos viris, tisnados das tineiras sem fim.
Pele seca e enrugada pelo trabalho duro, sol a sol.
Mãos calejadas pelos cabos das enxadas preparando a terra para as sementeiras.
Vozes grossas e roufenhas pelos garrafões de vinho que esgotavam para matar a sede da estiagem.
Troncos fortes e robustos, arqueados pelas muitas horas a cavar.
Outrotanto para as suas companheiras e amantes, que os seguiam lado a lado e ainda tinham as lidas todas lá da casa à sua conta .
Gente heróica e submissa para quem a missa de Domingo era sagrada.
Para quem as férias eram uma ofensa à sua sina de trabalhar para poder viver...
Assim eram as gentes da minha infância.
Mafra, 10 de Julho de 2019
16h16m
Jlmg

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