terça-feira, 29 de agosto de 2017

O calhamaço...



O calhamaço…

Já faz um calhamaço o livro da minha vida.
Cada dia é uma folha que eu rabisco.
Encetei há pouco o quarto capítulo.

O da infância tem caligrafia pura em traço fino.
Revela cores e tons de sol nascente.
Se desfaz em luz.
Cheira a campo e mar.
Seu perfume é das flores e maresia.

Nele se cinzelou a minha alma.
Seu código foi a fraternidade e a boa
vizinhança.
Depois veio o da escola. Com tantos vícios.
Modelação insensível, à sombra de intenções malsãs.
Como a da competição e a adoração da força.
A do quanto mais se tem melhor.
Sem importar o como.

A seguir o da tropa. Com suas paradas de obediência à força.
Onde o gatilho era o valor supremo.

Depois veio o da vida. Mar tumultuoso. Com tantos ventos.
O naufrágio é a ameaça constante.

Agora, viver é fazer de conta e reler atrás…

Café Castelão, em Mafra, 29 de Agosto de 2017
Vê-se gente com guarda-chuva aberto…
Jlmg


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