quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Calos da alma


Calos da alma

Minhas mãos estão lisinhas de quando nasci.
Quando escrevia à pena, tinha só um calo no dedo comprido.
Me acompanhou desde a primária.
Era o meu orgulho.
Sabia tudo de mim.
Os erros que dei.
Os segredos que lhe contei.
Servo fiel. Era um poço.

Depois veio o computador.
Saltito nas letras como num pingue-pongue.
Somo palavras e pinto ideias.
Faço quadros.
Às vezes, belos.
São o espelho de minha alma.
Horas boas. Outras menos.
Me consolo a vê-las partir ao vento.
Como bolas de sabão.
De algumas, sei onde elas poisam.
De muitas, não.
Fico feliz quando me dizem que foram bem acolhidas.
Guardo foto delas.
Para matar saudades...

Mafra, 29 de Agosto de 2019
17h13m
Jlmg


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