domingo, 2 de fevereiro de 2020

O xaile de minha Mãe


O Xaile de minha Mãe…

Era de lã, macio e fofo, o xaile de minha Mãe.
Cheirava a pão fresquinho, pelas manhãs, ainda madrugada, quando vinha, canasta cheia, para distribuir pelos fregueses.
Vida dura.
Me pegava ao colo e me prendava com um deles.
Ainda grita em mim com saudade, o seu sabor, quando a recordo, a sair para a faina do ganha-pão, de manhãzinha.
Fizesse sol, chovesse ou frio.

Que alegria ao vê-la a chegar, por volta do meio-dia.
Seus olhos reluzentes. Seu rosto quase divino.
Pegava no avental e, com mãos de fada, nos engendrava o almoço…

Ouvindo Fernanda Maria no fado
– O xaile de minha Mãe.

Berlim, 2 de Fevereiro de 2020
8h50m
Jlmg




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