O Xaile de minha Mãe…
Era de lã, macio e fofo, o xaile de
minha Mãe.
Cheirava a pão fresquinho, pelas
manhãs, ainda madrugada, quando vinha, canasta cheia, para distribuir pelos
fregueses.
Vida dura.
Me pegava ao colo e me prendava com
um deles.
Ainda grita em mim com saudade, o seu
sabor, quando a recordo, a sair para a faina do ganha-pão, de manhãzinha.
Fizesse sol, chovesse ou frio.
Que alegria ao vê-la a chegar, por
volta do meio-dia.
Seus olhos reluzentes. Seu rosto
quase divino.
Pegava no avental e, com mãos de
fada, nos engendrava o almoço…
Ouvindo Fernanda Maria no fado
– O xaile de minha Mãe.
Berlim, 2 de Fevereiro de 2020
8h50m
Jlmg
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